Tudo aquilo que nos eleva, carrega junto uma série de coisas que não podem ser deixadas pra trás, talvez por isso muita gente escolha ficar inconsciente, vivendo apenas no conhecido e negando seu verdadeiro poder.

Pois bem, nós, que recebemos esse presente que é o voo livre, muitas vezes acreditamos ser verdadeiramente alados – ter o poder de voar.

De acordo com nosso professor Aurélio, o significado da palavra “voar” pode ser tanto “mover-se e manter-se no ar por meio de asas” quanto “elevar-se em pensamento, ter concepções sublimes”. Ou seja, é tudo uma coisa só. Podemos voar com os pés no chão, quando elevamos nossos pensamentos, da mesma maneira que podemos estar voando fisicamente, vários metros acima do chão, e ainda assim estar com os pensamentos lá em baixo.

Para nós, que já reivindicamos esse nosso poder/responsabilidade, há a necessidade de uma coisa completar a outra, de cumprirem sua natureza de ser uma só.

O voo não é completo e muito menos verdadeiro, se configurar-se apenas em manter-se no ar por meio de asas. Não será completo, se há a necessidade de decolar para o outro, e não para você mesmo. Não será completo se houver competição. Não será completo se não pudermos voar todos juntos, na mesma direção. E não será verdadeiro se nos tirar do foco principal de nossa existência, que é nosso caminho juntos em direção a quem somos verdadeiramente, ao amor.

Um grande poder traz uma grande responsabilidade.

Se nos chamamos de seres alados, que possamos sê-lo então, com todo o sentido dessa palavra, e com a dignidade e merecimento de podermos assim ser chamados. Que possamos buscar ser melhor, e que possamos ajudar o outro a se elevar com o mesmo propósito que há para nós mesmos, com paciência e compaixão para com aqueles que estão enroscando numa térmica mais abaixo de nós, e com humildade para admirar e aprender com aqueles que estão na base da nuvem…

Quanto mais crescemos, maiores se tornam os desafios. Quanto mais nos elevamos, maior fica o impacto – se cairmos.

Não basta querer voar, é preciso saber sobrevoar.

Bons voos a todos, em Terra e em Céu.
Texto de Águeda Pacheco.