“Ideias megalomaníacas que se realizam e se transformam em experiências sensacionais que só foram possíveis por envolverem pessoas incríveis.”

Palavras da Olivia Isfer, que em conjunto com o Aristides Athayde, a Danielle Milarski e Marcos Maranhão foram cúmplices dessa boa loucura. Esse quarteto realizou algo inédito e grandioso. Reuniram competições esportivas, muito esporte, ecoturismo, valorização dos produtores locais e artesãos, mostras artísticas e literárias, shows, exibições cinematográficas, além de palestras e debates em quatro regiões da Grande Reserva da Mata Atlântica, com o intuito de ampliar o debate sobre a conservação e sustentabilidade no uso das áreas naturais, inclusão social e muitas outras frentes. Foram 10 dias de muito trabalho para eles e muitas tribos, uma só língua!
Para nós foi de uma tremenda riqueza apoiar o Mata Atlântica EcoFestival, mover o nosso amado esporte para dentro dos debates, conhecer trabalhos dos quais nos identificamos e fazendo parte da solução de um mundo que idealizamos. Trabalhos realizados com leveza, amizade, profissionalismo, respeito, alegria e diversão.
Levamos o voo livre para a Cinemateca, na abertura do festival. O espaço foi o palco, junto com o Memorial e o Passeio Público para as exibições dos filmes inscritos no Festival de Cinema de Aventura, Natureza e Vida ao ar livre.

Na abertura teve apresentação das crianças do Maracatu, exibições de alguns filmes, show musical, debates e uma especial homenagem ao jovem montanhista de 93 anos Henrique Paulo Schmidlin, também conhecido como patrimônio do Montanhismo Paranaense, o Vitamina.
Nos dias 06 e 07 de agosto carregamos o mundo do voo livre para o belíssimo Campo das Artes, em São Luiz do Purunã, espaço criado pelo artista paranaense Luís Melo. A arquitetura é integrada a natureza, o espaço é multidisciplinar. Valoriza o encontro, a pesquisa, as experiências, as diversas linguagens artísticas e áreas do conhecimento humano.
Ouvir as palavras do Luís Melo, após voar no simulador da nossa escola foi muito motivador: “Encantado por me divertir!” Nós falamos o mesmo em poder conhecer pessoalmente o artista, o Campo das Artes, o lindo projeto do espaço e ainda estarmos trabalhando lá.
Impulsionador foi assistir a palestra do atleta Joel Kriger e o jornalista Herivelto Oliveira, autores do livro Suba, Nade, Corra, Pedale e aproveite a paisagem, ouvir as suas histórias, e saber que todos os feitos de competições de natação, os 7 cumes, as travessias marítimas, corridas, triatlos, incluindo o Iron Man, o Canal da Mancha, foram realizados após os 50 anos de idade (antes era sedentário). Joel é um homem de grande estratégia, então é claro que todas as conquistas pessoais esportivas foram realizadas com planejamento, treinamento, estudo, profissionais capacitados (personal, cardiologista, nutricionista, etc) dedicação, muita paciência, entusiasmo e sonhos. Requisitos básicos para os esportes de ação, de aventura e na natureza. Joel finalizou o projeto dos 7 cumes agora em maio, alcançando o cume do Everest aos 68 anos de idade. O dinheiro recebido das vendas do livro Suba, Nade, Corra, Pedale e aproveite a paisagem esta sendoo revertido em cestas básicas que são doadas para pessoas em carência alimentar do país.
Havia a exibição das imagens de Zig Koch, fotógrafo e ambientalista especializado em fotografar a natureza há mais de 30 anos. Zig já conquistou diversos prêmios, inclusive de melhor fotógrafo da vida selvagem em 2013, pelo Museu da História Natural de Londres, e participou tanto da abertura do Festival quanto das atividades no Campo das Artes.
Escritoras(es) e ilustradores(as) estavam por lá com o seus trabalhos. Com leitura dramática com Pedro Donacin e Lindsay Lagni, autora de Amuletos de Prosa e Verso, Peito Aberto até a garganta de Mariana Marino e performance de Andressa Medeiros e Patrícia Grabowski, a autora da Carminholas de Firmino, Carolina Becker, leituras compartilhadas de Manoel de Barros, Fritz Muller, Guilherme Gontijo Flores, Walt Whitman… Lançamento do livro o Perigo da Semente, (ah se essa ideia pega hein!) de Ricardo Philippsen. A coleção de lendas paranaenses do escritor Hardy Guedes e tantas e tantos outros.
Foi uma delícia conversar e conhecer toda essa gente criativa, e ainda lá no final da noite de domingo, cansados porém felizes, ficou essa foto que batemos da Andressa Medeiros. O espaço do Campo das Artes é de um bom gosto estupendo.

Os desenhos da ilustradora Birgitte Tummler feitos com caneta esferográfica estavam adornando toda a parte superior do Campo das Artes, com as imagens das “Abelhas Nativas do Brasil, sem ferrão”. Birgitte é um talento surpreendente. (Bir, se estiver lendo este artigo, saiba que ainda queremos ver você admirando o mundo de cima para comemorar o seu aniversário.)
Não parou por aí não! Teve gastronomia e valorização dos produtores locais com trabalhos que transbordam amor.
Zoe – da Nossa Terra, Flor Alada, Red Barn, Ôchá – Ervas e Temperos, Ybyrá Design em Madeira, Sabores da Agrofloresta, Arten Cervejaria, LuziArte, Kafeewit, Kakaowit Chocolates, Cosmética e Botica Natural, PaniPano, Piá Ateliê e as delícias do chef Vavo Krieck, professor de gastronomia da PUC e do Centro Europeu.
Plantas, artesanatos, café, grãos, mel, enfim, uma grande união de produtores locais, que ao final foi encerrada com os acordes limpíssimos do som de Julião Boêmio.
Fazemos as palavras do Luís e do Vinicius as nossas: “Quantos encontros memoráveis tivemos no Campo das Artes, durante o Mata Atlântica Ecofestival.” Muitos!
Mas dizem que a mágica das expressões artísticas só acontece quando saímos pela porta de saída e a magia acompanha a gente nos próximos passos que daremos. Assim foi!
No dia 13 de agosto com o Mata Atlântica EcoFestival, com o Gil Piekarz e com o Aloysio Pinto organizamos a competição de hike’n fly na Escarpa Devoniana, também em São Luiz do Purunã. A competição sem fins lucrativos terão seus valores de inscrição doados para o grupo Vozes da Angola, composto por cantores refugiados, todos com alguma deficiência (em sua maioria cegueira) decorrente das granadas da guerra ou do sarampo que assolou o seu país de origem. Foram enviados para o Brasil quando tinham entre 7 até 14 anos de idade, sem suas famílias. Hoje são jovens adultos, se apresentaram na Cinemateca durante o Festival de Cinema, e se emocionaram quando o Aristides estava descrevendo o que estava passando na tela, e o tema do filme era caiaque e voo livre. Segue o trailer oficial.
Agora voltando para o ar. A modalidade do parapente hike’n fly une a caminhada pelas montanhas/morros para alcançar o cume e de lá decolar para realizar um bom, longo, seguro e divertido voo. Seria simples para quem está acostumado a caminhar por nossas lindíssimas e preciosas serras. Aparentemente, só aparentemente.








A caminhada pelas trilhas é realizada com o equipamento de voo no lombo, e isso muda tudo. A quantidade de pilotos que aderem essa modalidade não é muito expressiva entre a comunidade do voo livre, já que exige um pouquinho, ok, um “poucão” a mais de físico, mas ainda assim vem crescendo vertiginosamente. Os desafios, a superação, o feito em si, o contato intenso com a natureza, a gana por aventuras e claro, as paisagens que possuem menor interferência urbana e maior riqueza de fauna, de flora e de experiências são as justificativas para enfrentarem as dificuldades físicas de mandar um hike’n fly.



O ponto alto da competição é que foram 18 inscritos, em nível municipal é expressivo, e 9 dos inscritos eram mulheres, sendo que duas ocuparam a posição de segundo e terceiro lugar, impressionando quem não conhecia as dificuldades de uma prova dessas e gerando muita admiração por todas(os).





Os pilotos tiveram a oportunidade de participar pela primeira vez de uma competição de hike’n fly, se desafiar (não é fácil não gente!) e completarem o trajeto com persistência, além de poderem testar suas habilidades para a próxima competição de hike’n fly que irá ocorrer em Campo Largo, que esta sendo organizada pela Raquel Canale e Eric Souza.




O instrutor Kauan era um dos pilotos que gostaria de algum dia participar de uma prova dessas, e pela primeira vez participou e ainda levou o primeiro lugar.

O segundo e o terceiro lugar ficaram com a Carol e a Cat, já veteranas no hike’n fly, e quando elas foram competir a primeira vez, nós contamos tudo por aqui, confira a história.

Parabéns para todos e para todas!

Por fim, queremos agradecer a todos os envolvidos, em especial ao amigo Aristides pelo convite e o brilhante reencontro depois de tantos anos. A Olivia e a Danielle que foram incríveis com a gente, vibrando e torcendo desde a Cinemateca até o Hike. Ao Luís Melo e ao Vinicius que nos auxiliaram nas demandas com o simulador no Campo das Artes. Ao Gil e ao Aloysio que abraçaram com gana a coordenação do Hike em São Luiz do Purunã. Definitivamente não faríamos sem eles. (Gil revisou este artigo também, antes de publicarmos). Ao Rodrigo Felix e ao Carlos Rafael Barrios, da Fly Filmes, que trabalharam nas imagens e vídeos, e até correram para acompanhar a galera no hike.
A todos os participantes organizadores do festival que contribuíram para que essa ideia acontecesse. De acordo com o quarteto, estimam cerca de duas mil pessoas que estavam envolvidas diretamente no Ecofestival.
Aos pilotos e alunos que prestigiaram de alguma forma o Mata Atlântica Ecofestival.
As palavras de Aristides, Olivia, Danielle e Marcos:
“Foram dias de encontros e emoções, de muito trabalho e de muitas realizações. Dias que só foram possíveis por termos sonhado juntos o mesmo sonho.”
E com toda a certeza estaremos juntos para o Mata Atlântica Ecofestival 2023. Esperamos ansiosos(as) o reencontro para um mundo mais verde, mais culto, mais sustentável, repleto de boas amizades, união e respeito.
Valeu MATA ATLÂNTICA ECOFESTIVAL!
Encerramos esse resumo compartilhando alguns filmes que foram exibidos durante o Festival de Cinema do Mata Atlântica, para inspirar e transformar.