Relato da viagem sobre a perspectiva de um piloto módulo 2.

Nossa viagem ao Chile foi muito mais do que uma viagem de voos incríveis. A parceria, a vibe e a alegria do grupo em todos os momentos foi algo extraordinário, difícil para mim descrever em palavras, mesmo que eu fosse um exímio escritor, ainda assim, seria como ver uma belíssima paisagem através de uma foto ou vivenciar um voo através de um vídeo. Nada se compara ao momento presente e por isso não vou tentar descrever aqui os quão extraordinários foram os momentos em terra firme turistando e confraternizando. Vou aterme a descrever a experiência como um piloto iniciante.

Pois bem, antes de ir ao Chile tinha na bagagem 13 Voos, incluídos ai cinco pregos, do Morro do Cal, um voo em Jaraguá, três em Pomerode e quatro na Ilha do Mel, portanto, apesar de bastante treino de solo ainda me considero bastante amador devido à falta de experiência e essa pode ser a mesma realidade de alguns pilotos que gostariam de ir para o Chile, mas se julgam inaptos, porém Iquique permite bons voos até mesmo para os amadores. (inclusive para quem esta nas primeiras aulas)

A verdade é que hoje tenho mais voos, horas de voo e experiência de voo internacional do que no Brasil, porque no Chile se voa muito…
Iquique é um lugar extraordinário para o voo livre, tanto para pilotos experientes, quanto para pilotos iniciantes como eu. Para os iniciantes é perfeito pelos seguintes motivos:

1 – 99% dos dias tem condições de voos lisos e seguros pela manhã ou no fim da tarde.

Se você acordar um pouco mais cedo e chegar a Alto Hospício por volta das 9:30 da manhã é possível decolar e fazer um ”preguinho honesto”, como dizíamos. É um voozinho de 7 a 12 minutos que é possível chegar a praia de Huayquique sem dar absolutamente nenhum comando, de tão liso que é o voo.

Nos preguinhos matinais é possível chegar na praia com algo em torno de 350m de altitude, possibilitando a prática de orelhas, giros em espiral, etc. A aproximação e a área de pouso dessa praia é gigantesca, então tudo nesse voo matinal é muito tranquilo e o visual é espetacular.

Durante a tarde, dependendo do vento é possível fazer o mesmo preguinho honesto com o bônus de ter o espetacular pôr do sol no oceano pacífico com o plus da paisagem, ou da para fazer um Lift em Palo Buque. Falarei mais sobre Palo Buque em um tópico exclusivo, pois esse lugar merece.

2 – Voos um pouco mais turbulentos, mas ainda assim muito seguros.

Depois do preguinho honesto subíamos novamente a Alto Hospício e procurávamos decolar por volta das 11:00 a 12:00. Esse segundo voo do dia era às vezes o mais emocionante. Nesse horário o vento já está mais forte e já há condições termais, então é possível subir bastante, girar muita térmica, voar por mais tempo e se tudo der certo pousar na praia Brava ou na Cavancha, sobrevoando toda a cidade de Iquique.

Esses foram os voos onde mais aprendi. Pode ser bastante turbulento, mas se você tem um bom conteúdo teórico e bastante prática de solo é possível fazer voos longos e altos. Claro que existem muitos riscos e por isso digo que é importante a teoria e a prática, dá pra morrer fácil lá se você for desatento ou inconsequente, porém, se voar dentro dos seus limites, é um voo, mesmo que turbulento muito seguro,  existe ns (enes) possibilidades de pouso e de ganhar altura. De qualquer forma, se você é daquele tipo corajoso demais, fique atento. No período em que estivemos lá ocorreram dois incidentes graves com um grupo argentino, mas graças a Deus, sem maiores consequências. Para os mais precavidos posso garantir que é um enorme aprendizado, com uma boa condição de segurança (depende de cada um).

3- PALO BUQUE.

Esse Lugar é diferenciado. Começa que lá decola-se do chão… Já viu isso?

Na pior das hipóteses, com pouco vento você faz um liftzinho animal, numa paisagem diferenciada, curtindo um pôr do sol. Já com muito vento, uma prática de solo que enche bastante o seu copinho de experiência. As piores hipóteses são raras. O deserto do Atacama gosta mesmo é de ver a galera estampada no céu.

Decolando a partir de uma duna menor, você faz algumas pernas nela para ganhar altura e no momento certo se lançar para a duna maior. E maior mesmo, porque essa segunda duna é gigantesca. É uma sensação muito louca, você joga para a duna grande e vai liftando  em direção ao sul. A impressão é estar perdendo altura em razão da duna ir se aproximando de você, mas o vário segue no pi pi pi pi pi ….  Não parece, mas você esta subindo e muito perto do chão, por bastante tempo, já que é longa. Quando esta prestes a pousar, está lambendo o chão, faz uma direita e toca para norte de novo e segue ganhando altura. É muito legal! Sempre lambendo a duna ou bem próximo a ela, então não transmite a sensação de estar alto, MAS…. quando você decide que está alto o suficiente e resolve jogar para oeste, para longe da duna, aí sim, se toca que decolou do chão e está aos 650m / 800m ou mais alto. Perto da duna ou bem longe acima do deserto, dá pra girar térmicas. Palo Buque permite bastante aprendizado nesse sentido, também dá para praticar orelhas, espirais, entubar nas nuvens e tudo mais que o mestre Marcio permitir. Voo animal, só fazendo para saber.

Com relação a segurança é muito tranquilo. Nas condições que voamos tinha pouca turbulência, excelente planeio e a área de pouso é infinita e não sendo no topo da duna até tem como um 4×4 ir te buscar.

Enfim… Iquique foi uma experiência sensacional em termos de voos e vale a pena para TODOS os pilotos conhecer esse lugar. A paisagem é extraordinária, a cidade é muito legal e os voos muito intensos e divertidos.

Aconselho fortemente essa viagem.

Adorei, quero participar da trip Vento Norte

Considerações: Devido a intensidade de todos os momentos vividos durante a Expedição Vento Norte foi necessário dividir as publicações e fotos, sendo uma para cada aventureiro participante com abordagem especifica nos voos e uma sobre o que vimos durante nossa estadia em Iquique.

Confira: Deserto do Atacama