Hilton Benke é um apaixonado pelo montanhismo, tem 37 anos, é empresário na Loja Alta Montanha (www.lojaam.com.br) e viaja frequentemente em companhia da esposa Greyzel, com quem compartilha a vida a 17 anos, e da filha Mariana de cinco anos, uma aventura em família repleta de intensidade e imagens incríveis que podem ser conferidas no final desta entrevista.

Aprendeu a voar na Vento Norte Paraglider e atualmente pratica o esporte voo livre há dois anos e um mês, acumulando 150 horas de voo e já coleciona alguns troféus e medalhas em campeonatos.

Nem pensava em se tornar piloto de parapente, o primeiro contato com o esporte foi em 2001 assistindo a decolagem do piloto e amigo Gil Pierkars em uma montanha da Serra do Mar Paranaense, denominada Torre da Prata, naquele momento teve ainda mais certeza que não voaria jamais em um parapente, até que em 2013 assistiu um vídeo do piloto Rafael Wojcik com o Gil sobrevoando o Pico Paraná, despertando a vontade de voar que ganhou força no momento em que estava no Morro do Anhagava e o Rafael passou voando sobre ele. “Àquela época eu jurava que um parapente não podia subir e tinha a ideia de que me serviria apenas para “descer” as montanhas… Inclusive, lembro que nas primeiras aulas, afirmei isso ao Professor Marcio Lichtnow, que respondeu: Veremos…”

Vento Norte – Qual é a emoção envolvida em ser piloto de parapente?
Hilton – Eu descobri no parapente o melhor esporte e a melhor atividade que já pratiquei em minha vida. Já escalei em montanhas do Brasil e dos Andes, e já fiz travessias maravilhosas em montanhas impressionantes. Tudo isso agora ficou muito, muito melhor ao levar um parapente nas costas. O voo integrou ao ambiente que eu gosto de estar, e tornou tudo mais divertido e mais belo. E ainda descobri o tal do “Cross Country”, que foi amor à primeira vista. É a aventura maior, a exploração, o se lançar ao desconhecido, o alimento para a alma e a sensação de se estar vivo!

Vento Norte – O que você considera ser a maior dificuldade no voo?
Hilton – Controlar a ansiedade ao decolar.

Vento Norte – Pode considerar que o voo livre mudou sua maneira de encarar algumas situações, sejam elas profissionais, espirituais, sociais e outros, ou que mudou sua vida?
Hilton – Não posso dizer que foi o voo livre que mudou, porém, sem sombra de dúvida, me fez um despertar para a realidade que eu estava vivendo. Eu trabalhava num banco, e vivia para o trabalho. Tinha me afastado das aventuras que tanto gostava. Tinha engordado, dormia mal e gastava dinheiro com coisas inúteis. O voo me trouxe novamente para o mundo das aventuras e com isso, aquela sensação de que as coisas não estavam bem aflorou com mais força e me fez tomar decisões importantes para a minha vida.

Vento Norte – Possui algum sonho no esporte a ser realizado ou conquistado?
Hilton – Já realizei muitos sonhos. Mas sonhos são estranhos né, quando se realiza um, logo aparece outro. 🙂

Vento Norte -Tem algum momento que considera mais especial que os demais?
Hilton – Tenho alguns momentos. A primeira vez que entubei numa nuvem, quando ainda era aluno, em março de 2014.
Quando tive o privilégio de realizar a travessia do Anhangava para Morretes, por sobre a serra do Marumbi. Tinha pouco mais de 6 meses de voo e, sozinho, fiz esse voo até então considerado um dos grandes desafios, mesmo para os pilotos mais experientes.
Outro voo memorável e talvez um dos mais emocionantes, foi quando em companhia do Gil e do Rafael, que são as minhas referências no voo, realizamos a travessia da Serra do Mar, por entre as nuvens, e ao lado do Pico Paraná. Saímos do Morro do Camapuã, que é a montanha que mais frequentei na minha vida, e sem pretensão alguma, realizamos esse feito!

Vento Norte – Já voou em quantas rampas de voo? Dessas rampas tem alguma que você tem um carinho mais especial?
Hilton – Já voei em 38 rampas. Claro que as que mais tenho carinho são as da Serra do Mar, em especial no Anhangava. Mas das rampas mais “comuns”, gosto muito do Morro do Cal, onde aprendi a voar, da rampa de Pomerode, pelas pessoas que sempre nos atendem muito bem, de Andradas, por ser acima da média e sempre me dar bons voos, e de Jaraguá – GO, pelo desafio e pela possibilidades que tem por lá!

Vento Norte – Já passou por algum incidente ou acidente, se sim o que houve e por que?
Hilton – Já tive dois pousos que não saíram muito conforme tinha planejado. Um deles, no Morro do Capivari, aproximei sem prestar atenção na estrada ao lado do pouso e quase peguei carona com alguns caminhões da Sadia. Com o susto, entrei com muita força no pouso, causando um choque que, por sorte, só foi engraçado. Outra vez, no morro do Palha, insisti por muito tempo em uma térmica fraca, e com o vento forte não consegui chegar no pouso oficial. Acabei pousando meio de lado e com o parapente enroscado em alguns galhos de uma árvore, mas sem maiores problemas…
Acho o voo em parapente um esporte seguro, quando levado à sério. E os dois pequenos incidentes que tive, foi por absoluta falta de atenção ao que estava acontecendo em volta, talvez até por estar relaxado demais com a situação.

Vento Norte – Que dica você diria para aqueles que estão começando no voo livre ou que pretendem iniciar no esporte?
Hilton – Treine muito, estude muito, ouça o que teu professor fala, respeite a natureza (e a gravidade) e sempre mantenha atenção total durante o voo, principalmente nas decolagens e pousos.

Vento Norte – Se quiser deixar um depoimento para a Vento Norte, pilotos e alunos sinta-se a vontade!
Hilton – Sou muito grato por ter realizado meu curso na Vento Norte. Acredito que poucas escolas de voo dão tanto destaque à parte teórica, cujo aprendizado considero como fundamental para quem quer voar bem e com segurança. Além disso, o professor Marcio Lichtnow sempre está a postos para nos ouvir, nos dar conselhos e puxões de orelha – que (por sorte) foram poucos… 🙂